De saída vou pedindo desculpas antecipadas pela falta de acentos. O teclado é italiano e eles ignoram o que seja o til, por exemplo. Sendo assim, conto com a imaginação (viu?) de vocês (também não existe o circunflexo ou famoso chapeúzinho) para visualizarem os acentos ainda que não estejam lá, ou melhor aqui.
(OBS. Gente a Bia lembrou de um programa que tem as letrinhas acentuadinhas. Linnnndo!!! Estou corrigindo mas não quis mudar o texto original. Por isso não estranhem este português impecável...rsrsrsrs)
Dito isto, vamos ao que interessa. Poderia ou deveria pedir novas desculpas pela minha ausência prolongada, mas não acredito que faça muita diferença. Sou assim...muitos interesses e pouco tempo para fazer tudo que tenho vontade, preciso e imagino. Depois meus amores, a idéia aqui era escrever sobre os antepassados e sendo passado, um pouquinho mais ou um pouquinho menos não fará tanta diferença, não é não?
Bom, recapitulando: Vovô Elias Vitor e vovó Maroca (Maria Ferreira) eram os pais da vovó Nadir, certo?
Vovó Nadir nasceu em Cariacica, Espírito Santo no dia 12 de julho de 1923, embora nos documentos conste a data de 04 de agosto. Ajustes corriqueiros na data de nascimento para que não se pagasse multa. Vale lembrar que lá nos antigamente as crianças nasciam em casa. Hoje assim que a molecadinha nasce já tem alguém no hospital de caderninho na mão pronto para anotar tudo. Modernidades!
E olha só, agora escrevendo aqui para vocês me dei conta que não tenho a certidão de nascimento da vovó, só a de casamento. Vou pedir a de nascimento e colocar aqui. Sempre pode ter um detalhezinho que sirva no futuro, caso alguém queira pesquisar mais a fundo.
Dela não preciso falar muito pois acredito que todos, ou quase todos, tenham ainda uma viva lembrança . Creio que só a Tatá uma vez comentou que não lembrava direito, mas não tenho certeza. Talvez o João também não lembre de muita coisa, porque era ainda pequeno quando a vovó morreu em 1998.
Vovó Nadir sempre contava o quanto sua infância havia sido difícil e que o pai não permitiu que ela estudasse além do primário, porque segundo ele, essa era toda instrução que uma mulher precisava. Embora ela gostasse de colecionar uma magoazinha, acho que neste caso ela tinha razão.
Além do fato de que ela gostaria mesmo de ter estudado mais, tinha o agravante de conviver muito com as primas que eram netas do primeiro casamento do meu bisavô, Agostinho Antonio Ferreira. Minha avó era filha do segundo casamento. Essa primeira família, pelo que encontrei até o momento parece que tinha um nível um pouco melhor e valorizavam mais a questão de estudo.
Ela contava sempre sobre as peraltices que aprontava, em especial com uma prima chamada Maria da Glória e que eu tive oportunidade de conhecer. Realmente uma pessoa muito bacana, tanto ela quanto o marido. Tinha uma outra também, Ceci, se não me falha a memória, que era do chifre furado e depois veio a se tornar freira.
Acho que embora tenham convivido bastante próximas durante a infância, depois devem ter se afastado um pouco na adolescência, até pelo fato das primas estarem estudando e ela não. Minha mãe se ressentia disso.
Entre uma mágoa e outra, surgiam histórias engraçadas como por exemplo uma do tempo de escola. A distração das crianças da época era um jogo com pedrinhas, cascalho. Nunca joguei mas acho que a coisa era mais ou menos assim: tinha um certo número de pedrinhas e você tinha que jogar uma para cima e antes que ela voltasse recolher as outras que estavam no chão. Precisava ter habilidade e velocidade para ganhar o jogo.
Como eram todos crianças e não tinham dinheiro para jogar, apostavam o lanche, que segundo minha mãe, em geral era um delicioso pão com banana ou cocada. Vovó Nadir era boa no jogo.
Certo dia, porém, foi desafiada por uma garota que também era boa no tal jogo. Vovó não se intimidou. Punha fé no próprio taco e ainda estava de olho naquele "acepipe dos deuses" que a garota havia apostado. Perdeu!!! Ficou sem o pão com banana da garota e ainda teve que entregar o seu pão com cocada. Pobre vovó!!!
Não...não, desculpem pelo "pobre vovó". Ela não merece piedade! Segundo ela mesmo contava, era useira e veseira em deixar os outros sem lanche com o tal joguinho. Tia Aguimar, mãe do tio Elias, foi amiga de escola dela e sempre que a vovó ganhava o lanche de alguém, pedia que ela devolvesse. Ficava com pena da criança ficar sem ter o que comer. Mas a vovó devolvia??? Não, não devolvia. Até que um dia perdeu o próprio lanche. Entregou o lanche mas não se entregou a derrota.
Como boa filha de candidato a cangaceiro, solicitou a ajuda de um amiguinho de uma série mais avançada, ou seja, um grandalhão e mandou dar uma surra na menina. Não precisava bater para machucar muito...só uns tapinhas e rasgar a roupa da garota já estava bom. Contava rindo a doce vovó.
Ah...mas tadinha, era o exemplo que ela tinha! Depois, devia ter o quê? 8 ou 9 anos? Coisa de criança. Dirão vocês, generosos que são.
Pois é, levando em consideração os exemplos...a idade...até seria desculpável, jamais perdoável, mas desculpável, se ela não tivesse recorrido ao mesmo expediente por volta de 1954, aí já por volta dos 31 anos. Já dava pra saber distinguir entre certo e errado não?
Tio Abílio, meu irmão Abílio Sérgio (não confundir com Abílio Ferreira que era irmão da vovó e pai do tio Elias) sempre teve muita força mas fazia uma linha mais intelectual. Não gostava muito de rua ou de futebol. Preferia ficar em casa lendo. Quem quiser saber sobre Monteiro Lobato ou se interessar por mitologia grega, pode perguntar para o tio Abílio que ele sabe tudo. Bom, mas voltando ao assunto, tio Abílio não curtia sair na mão com ninguém. Porém, um belo dia, teve um desentendimento com um garoto, chamado Roberto, que era um vizinho mais ou menos da mesma idade, e acabou levando uns "Pedala Robinho". Vovó na sua indignação de mãe, lançou mão do velho recurso e deu uns trocados para o irmão de uma amiga para que desse uma surra no tal Roberto (dessa vez podia e devia descer a lenha), não bastasse a surra, o que sobrasse do tal Roberto deveria ser jogado na vala. O nome do contratado era Hermano, que não seguiu a risca as ordens da doce vovó e depois de bater no pobre optou por atirá-lo sobre uma roseira (aquelas cheias de espinho, sabe?). Então né...!?
Hoje vou ficando por aqui para não cansar vocês...depois volto com mais D Nadir.
Beijos estalados e abraços apertados!!!
Haha adorei o " contava sorrindo à doce vovó" essas histórias não sabia, sabia do convento que era perto da casa dela e elas perturbavam o padre... Sabe dessa? Quero mais!!! Beijos
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