Eu sempre reclamo dela...rs (coisas de filha mimada talvez!!!), mas aqui não vou falar nada, nada sobre ela, quase nunca, admitir que alguém sentisse ou pensasse diferente dela. Os mimis eu resolvo sozinha ou com algum terapeuta por aí. Vou contar o que tinha de bom e depois vocês se quiserem mandem suas lembranças.
Momento ternurinha...
Lembro com uma clareza absurda da minha mãe costurando. O absurdo da clareza é porque eu devia ter entre 3 e 4 anos.
A máquina de costura, uma singer com motor, ficava no corredor, entre a cozinha e o quarto da minha avó. Eu costumava sentar no chão com meus brinquedos sempre perto dela. Não lembro de tudo que ela costurava mas lembro dos vestidos que fazia para minhas bonecas.
Nao tenho certeza mas acho que estava no corredor |
A foto não é lá gande coisa mas dá para ter uma idéia do capricho, não? |
O pequeno ser sem noção (eu), tendo escutado a piadinha quis também ser engraçada e mostrou as calcinhas que a mãe tinha costurado para a primeira visita que chegou, anunciando que eram calcinhas para D. Amélia. Ocorre que a primeira visita era exatamente o Sr. Osni, um vizinho que sempre passava por lá para bater um papinho com minha mãe e avó. Aliás, uma das poucas pessoas de quem a minha avó gostava.
Vocês podem até pensar: - Ué...mas o que tem isso? Era uma criança vai...Eu sei, mas isso era 1962 ou 63 falar de calcinha perto de um homem era uma indecência...mostrar então...quase pornografia. Matei minha mãe de vergonha. Desculpa mãe!
Lógico que ela costurou muitas outras coisas e muitas roupas para mim e depois para a Gilzinha ao longo de toda a vida. Era danada! Olha só as fotos. Só uma amostrinha.
100% D. Nadir |
Roupa para meu aniver 15 anos |
Roupa da Gilzinha 100% vovó |
Vestido Gilzinha para casamento civil de Abilio |
Tenho ainda uma outra lembrança, também envolvendo costura que é bem legal! Foi na época que a vovó estava grávida da Gilzinha. Deve ter ocorrido várias vezes, mas me lembro deste dia em particular. Nós estavámos sentadas no chão, entre as camas (uma da minha avó e outra do tio Elias) brincando de comadres. Ela estava costurando o enxoval para a Gilzinha e me deu pano e agulha para eu costurar para os meus filhos também. Muito cut cut!!!
E tenho muitas outras lembranças bacanas, tipo carnaval. Eu adorava ir para o salão e ela sempre me fazia alguma fantasia. Em geral era o sarongue. Será que vocês já ouviram falar? Uma saia longa aberta nas laterais, um bustier, tudo feito em chitão, um colarzinho de havaiana, uma flor no cabelo para terminar de compor o visual e voilà!
Teve um ano, talvez 1972 ou 73, eu e algumas primas que frequentavam o Vasco da Gama (esqueci de dizer que era lá que eu brincava carnaval) resolvemos fazer uma fantasia de empregada doméstica. Era um vestidinho mini saia frente única, vermelho com bolinhas brancas, avental branco e um espanador. Ficamos lindas e recebemos váaaaarias propostas de emprego...rsrsrsrs.
Minha mãe já tinha ido a muitos bailes de carnaval com ou sem meu pai. Se ele estivesse viajando, ia do mesmo jeito, acompanhada da Tia Nelly que também gostava da farra. Agora, não brincava mais porque achava que não ficava bem na idade dela (isso porque ela tinha bem menos idade do que eu tenho agora. Alguma coisa por volta dos 49/50 anos). Mesmo sem dançar, aguentava firme e forte as quatro noites, e detalhe sem reclamar, para que eu pudesse brincar o carnaval até a minha última gota de energia. A Gilzinha ainda era pequena e não entrava no baile à noite. Ficava com a minha avó.
Sobre o carnaval deles, dá para dizer que era sempre comentado e lembrado com sorrissos cúmplices e às vezes algumas gargalhadas. Engraçado pensar neles como jovens, que como tal, também aprontaram das suas.
Claro que muita coisa eles não contaram. Acredito que a maior e as melhores partes. Mas sobre o carnaval percebi várias vezes as expressões marotas quando contavam dos litros de leite ou jornais que roubavam na volta do baile por pura molecagem.
Que mais!? Ah sim...eu também gostava muito de ir as domingueiras do Vasco da Gama, aliás eu ia nas sabadeiras também rsrsrsrsr. Nesses bailes minha mãe não me acompanhava, mas me levava a até a casa de uma conhecida que ficava lá para os lados da Rua Alvaro Alvim (mais ou menos 2,5 km de distância da nossa casa), onde a turma se reunia antes do baile. Eu era a caçula da turma (tinha 13 anos).
Iamos todos a pé até o clube, que ficava na Ponta da Praia, e na volta os rapazes deixavam todas as moças em casa. Um tempo de gentilezas e cavalheirismo.
Ah sim! Não posso deixar de contar da incrível imaginação que tinha D. Nadir. Aquela cabeça borbulhava de idéias e fui contemplada com muitas historinhas criadas só pra mim.
Lembro de uma em particular entre D. Ovelha e D. Loba. As histórias da minha mãe tinham uma particularidade interessante. Todas as fêmeas das fábulas eram trabalhadoras,dignas e honestíssimas; já os machos eram meio trambiqueiros e só andavam na linha sob comando das fêmeas. Meninas atenção!!! Pode ser que aqui se mostre um padrão de comportamento familiar feminino. Será?
Nenhum comentário:
Postar um comentário